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Aluguel de ações: como é possível operar com aluguel de ações?

Por Fernando Caliman Pissó
02 agosto 2018 - 14:03 | Atualizado em 07 agosto 2023 - 18:53

O aluguel de ações é uma das diversas possibilidades que o mercado financeiro oferece. Ele permite a operação temporária com determinados ativos, tudo devidamente definido em contrato, tanto para o tomador quanto para o doador.

Com as devidas práticas de segurança e a busca pelo método adequado, é possível ter bons resultados. Neste post, você entenderá melhor como funciona essa operação, conhecendo suas regras e as vantagens que essa atividade proporciona. Confira a seguir!

Como funciona o aluguel de ações?

Entender essa possibilidade de operação não envolve muitos mistérios. Assim como em um modelo tradicional de aluguel, determinado ativo é disponibilizado pelo seu dono, que nessa operação é chamado de doador, e fica de posse de quem aluga, o tomador.

Durante esse período, quem toma o aluguel tem o direito de operar com esse ativo livremente, tendo a posse de todo o lucro obtido com o trading. Essa é justamente a proposta principal, permitindo que os dois lados tenham vantagens, já que o doador recebe uma taxa por esse aluguel.

Tempo e valores

Para que esse aluguel de ações aconteça, é preciso que as partes envolvidas fechem os detalhes da operação por meio de um contrato, com definição de pontos como o tempo e os valores pagos. Nesse documento é importante que todos esses detalhes sejam devidamente pontuados.

Como disponibilizar ações da sua carteira?

O aluguel de ações é uma possibilidade protegida pela Bovespa, ou seja, regularizada. Quem tem ativos em carteira e desejar disponibilizá-los para aluguel, basta entrar em contato com uma corretora.

Assim, da maneira certa e dentro das regras, o dono desse ativo pode definir junto a essa corretora o quanto ele quer por nesses alugueis, o tempo em que o ativo ficará alugado e outros detalhes importantes sobre a operação.

É fundamental ressaltar que o aluguel não deve ser feito de outra maneira a não ser essa. Além de ser ilegal, a operação sem a intermediação de uma corretora não garante a segurança de nenhuma das duas partes envolvidas no acordo.

Garantias

Quem pretende tomar o aluguel precisa comprovar garantias financeiras para que a operação seja concluída. Esse é um mecanismo que protege o dono do ativo, assegurando que ele receba os valores devidos ao final do período de aluguel das ações.

Entre essas garantias, as corretoras costumam exigir ativos do mercado de renda fixa, como CDBs, títulos de Tesouro Direto e LCI/LCA. Entretanto, até mesmo ativos quaisquer podem ser utilizados, caso o tomador os possua. O importante é assegurar que o doador não terá nenhum tipo de prejuízo nessa operação.

Todo o processo de aluguel de ações é fiscalizado e controlado pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia, a CBLC. Ela atua em conjunto com as corretoras, regulamentando essa atividade e mantendo a segurança de todos os envolvidos.

Quais as vantagens dessa modalidade?

O aluguel de ações é uma modalidade que tem cada vez mais adeptos, justamente por ser vantajosa tanto para o doador quanto para o tomador. Os lucros obtidos podem variar de acordo com o tempo, o tipo de ativo e as taxas cobradas, mas para ambos é possível ter bons ganhos.

O aluguel terá sempre relevância em momentos específicos, seja para o doador, seja para o tomador. A seguir, entenda como funcionam as possibilidades de cada um deles e em quais períodos essa operação é vantajosa.

As vantagens do doador

Geralmente, ativos colocados à disposição são aqueles em que o seu dono, nesse caso o doador, não está operando no momento. Essa é uma ótima opção para quem possui uma carteira de ativos vasta, mas não pode trabalhar com todos simultaneamente.

Essa opção se torna também muito interessante para quem pretende ter ganhos a longo prazo. Sendo assim, ao disponibilizar para aluguel, esse proprietário consegue fazer dinheiro com as taxas cobradas, enquanto a ação valoriza.

Os lucros podem ser ainda maiores se esse doador colocar mais de um ativo em aluguel. Dessa forma, ele nunca terá uma ação parada, sem gerar algum lucro. No final das contas, ele terá seu ativo de volta, sem nenhuma mudança e embolsando bons valores.

Além disso, o doador continua tendo direito de receber quaisquer proventos que a empresa pague (dividendos, juros sobre capital próprio, rendimentos, bonificação etc.) mesmo durante o período de aluguel das ações.

Para o doador, portanto, o risco é baixo, a operação não tem custos, provê uma renda garantida, ele continua recebendo os proventos da ação e o contrato ainda é renovado automaticamente pela taxa de mercado, a menos que uma das partes se manifeste em contrário. Se não há intenção de vender as ações no curto prazo, o aluguel de ações é uma opção.

As vantagens do tomador

O tomador do aluguel de ações geralmente é um trader experiente e que entende os movimentos do mercado. Se ele observa que determinado ativo tem boas chances de valorizar, ele busca o aluguel para poder operar com essa ação temporariamente.

Para entender melhor, vamos usar um exemplo. Imagine que você tomou emprestadas 1.000 ações do Bradesco (BBDC4) quando elas estavam cotadas a R$ 44. Vendeu-as por esse preço acreditando que, por alguma razão, elas se desvalorizariam.

Próximo à data de devolução dos papéis, você comprou as 1.000 ações no mercado, só que desta vez por R$ 38. Ou seja, você recebeu R$ 44.000 na venda e recomprou por R$ 38.000. Essa diferença de R$ 6.000 é o seu lucro, antes de descontar as taxas.

Todo o lucro que obtiver durante o tempo em que operar com esse ativo fica com ele, precisando apenas retornar essa ação para o seu dono. Geralmente, esse trader compra um ativo e o vende assim que tem em mãos, esperando movimentos de queda.

Dessa forma, próximo à data de devolução, o tomador recompra a mesma ação, já após a queda e com um preço bem menor, conseguindo obter o lucro que desejava. Tudo isso é feito por meio de análises e estudos, contando sempre com especulações sobre preços das ações.

Quais são as taxas praticadas?

As taxas de aluguel são definidas em comum acordo entre doador e tomador, sem que haja nenhum tipo de tabela de preços. Normalmente, cobra-se um percentual sobre a cotação da ação, ambos estipulados em contrato. Assim, retomando o exemplo anterior, a taxa acordada poderia ser de 3% ao ano sobre as 1.000 cotadas a R$ 44. Se o contrato for de um ano, o tomador deve pagar R$ 1.320 pelo aluguel das ações.

Desde que ambos estejam de acordo e os valores sejam dispostos em contrato, não haverá nenhum problema. Esses valores podem variar de acordo com a relevância do ativo negociado. Naturalmente, se há expectativa de que determinada ação ofereça maiores possibilidades de negociação, a tendência é que ela seja mais cara.

Por mais que os valores de aluguel possam ser livremente definidos, preços muito diferentes do mercado, seja para mais, seja para menos, estarão sob análise. O banco de títulos do CBLC está sempre atento a possíveis negócios irregulares, com taxas muito acima do que as praticadas no mercado.

A operação em si é isenta, porém, quem toma o ativo é quem está exposto a perdas durante a sua operação, o que é natural em qualquer atividade de trading. Para o tomador, além da taxa do aluguel, a corretora pode cobrar sobre o valor do negócio, na maior parte das vezes igual ou menor do que a taxa do aluguel em si.

Dessa forma, é preciso contabilizar todos os custos e colocar isso no cálculo para conseguir projetar quais são os lucros possíveis para aquela operação. Retomando o exemplo anterior, vamos supor que a corretora cobre uma comissão equivalente à metade da taxa de aluguel.

Com a operação, o tomador havia obtido um lucro de R$ 6.000. Ele paga R$ 1.320 pela taxa de aluguel e R$ 660 de comissão para a corretora de valores. Assim, seu lucro líquido com a operação foi de R$ 4.020. Sabendo que terá que pagar R$ 1.980 de taxas, é possível calcular quanto a ação teria que cair para a operação ser rentável. Nesse caso, se o tomador recomprasse a ação a mais de R$ 42,02, teria prejuízo.

Quais são os riscos envolvidos?

Para o doador, os riscos são bem pequenos, já que todo aluguel é protegido por contrato e conta com garantias. Já para o tomador, os riscos são maiores. Confira abaixo:

  • risco de liquidação financeira: as garantias são atualizadas diariamente. A corretora ou a bolsa podem exigir um novo valor de margem e, caso o tomador não o tenha, pode ver seus ativos liquidados para que o compromisso seja honrado;
  • a cotação da ação pode cair menos do que o esperado ou até subir: como vimos, o tomador faz esse tipo de operação após suas análises indicarem tendência de queda para o papel. Se isso não ocorrer, ele terá que recomprar as ações por um valor mais alto e arcar com a diferença;
  • as taxas podem “comer” todo o lucro da operação: como vimos acima, o tomador precisa fazer os cálculos para saber quais são as possibilidades de lucro. Retomando nosso exemplo, vale destacar que, para que uma ação passe de R$ 44 para R$ 42,02, é preciso que ela se desvalorize 4,5%.

Vimos que optar pelo aluguel de ações pode ser muito interessante, provendo rendimentos tanto para quem disponibiliza quanto para quem paga pelo aluguel. Basta ficar atento às regras.

Além dessa modalidade de operação, você pode ficar sabendo de outros assuntos muito interessantes sobre o mercado financeiro. Aproveite para seguir nossas páginas nas redes sociais: Facebook ou YouTube




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