Blog

Saúde Financeira

Será mesmo que existe relação entre dinheiro e felicidade?

Por Fernando Caliman Pissó
05 abril 2019 - 09:00 | Atualizado em 07 agosto 2023 - 18:52

Por José Eduardo Pereira Filho e Dany Rogers

Vivemos em um mundo no qual estamos totalmente conectados e expostos nas diversas redes sociais. Nelas, as pessoas se apresentam quase sempre como super-heróis em fantásticas e divertidas festas, viagens e restaurantes.

Mas será que isso é felicidade virtual ou vazio real?

Apresentar-se feliz e bem-sucedido é uma característica de boa parte dos usuários que navegam no Facebook, Instagram ou Twitter.

Este comportamento apelidado pela palavra inglesa “bragger”, tem causado sentimentos que vão da inveja à soberba nas pessoas que estão do outro lado da telinha, segundo Ethan Kross, professor e psicólogo da Universidade de Michigan.

Ainda segundo o professor, em suas pesquisas, quanto mais as pessoas ficam conectadas, mais insatisfeitas se mostravam com a própria vida, sendo isso fruto justamente deste acompanhamento do exibicionismo alheio.

Nesta teia de realidades falsas, caminham também importantes raízes humanas, como a necessidade de pertencimento ─ afinal, somos seres sociais, não é mesmo?

Mas qual o papel do dinheiro com a felicidade de cada pessoa? Como construir os pilares de uma vida plena e feliz e como o dinheiro se “encaixa” nisso?

O dinheiro e a relação com a felicidade na prática

Foram questões como as apontadas anteriormente que motivaram cerca de 150 alunos do ensino fundamental ao médio de um colégio de Patrocínio-MG a participarem do curso “O dinheiro e a felicidade”, durante os meses de setembro a dezembro de 2018.

O curso buscou levar orientação sobre educação financeira mesclando com um passo a passo de como podemos construir a nossa felicidade.

Divididos em “núcleos familiares”, os participantes possuíam idades que variaram entre 11 e 20 anos, e, naturalmente, momentos de vida distintos. O objetivo do curso foi criar um olhar no qual a felicidade seria a “mola” propulsora do dinheiro ─ e não o contrário.

Em uma das atividades chamada Exercício do Gênio, foi solicitado a cada participante que escolhessem três desejos que eles gostariam que fossem realizados. Este exercício possibilitou que cada participante pavimentasse os seus pensamentos na direção do que era realmente relevante para si no momento atual de sua vida.

O resultado dessa atividade foi fantástico.

Com um grupo tão heterogêneo, balizar o quanto os pedidos de felicidade estariam presentes nas respostas foram primordiais para dimensionar a profundidade com que as aulas se desenrolariam.

Tivemos 122 desejos diferentes como por exemplo: nadar com os golfinhos, vida eterna, ter piscina em casa, possuir superpoderes e comer sem engordar; passando também por um pedido que revelou ser surpreendente como a “consagração do Espírito Santo”.

Com as respostas tabuladas conseguimos encontrar, entre outros, os seguintes resultados:

  • 25% pediram uma carreira profissional bem-sucedida;
  • 13% escolheram ter dinheiro, e isso variava entre ser rico, milionário e até bilionário;
  • 9% escolheram viajar, sendo este o mesmo percentual de ser feliz; e
  • 7% desejaram passar na faculdade e ter uma família.

Na construção da felicidade, apresentamos em um dos módulos a teoria das necessidades hierárquicas (Pirâmide de Maslow), adaptada à pesquisa do psicólogo e prêmio Nobel de Economia Daniel Kahneman que apresenta o valor de US$ 75 mil como renda anual em que o grau de felicidade estaria no seu ponto mais equilibrado.

Muito dinheiro pode ser estressante, diz Kahneman, que ainda reforça que uma renda que ultrapasse este valor não irá impactar em um significativo aumento na felicidade.

Ainda segundo ele, em muitos casos, ter uma renda muito mais elevada poderá trazer problemas expressivos como estresse, preocupação e tristeza.

Por isso, a importância de se desenvolver mecanismos internos de felicidade, independentemente da renda ou patrimônio financeiro acumulado.

Concomitantemente, o curso apresentou o modelo Happy Smart, desenvolvido pelo professor Raj Raghunathan. Este modelo apresenta os “7 pecados mortais” da felicidade que são eles:

  1. Desvalorização da felicidade
  2. Busca pela superioridade
  3. Ser Carente ou ser distante
  4. Ser demasiado controlador
  5. Desconfianças em relação aos outros
  6. Desconfianças em relação a Vida
  7. Falta de Vontade

e como podemos desenvolver mecanismos que nos permitam ativar os hábitos que as pessoas felizes cultivam.

Conclusão

Ao abordarmos a forma como o dinheiro e a felicidade se relaciona conseguimos desenvolver um espiral de conhecimento no qual o aluno conseguiu ter entendimento de como fazer a gestão correta das suas finanças nas diversas fases da sua vida.

Ele pôde entender que o dinheiro é muito importante, mas que ele não é tudo na vida. Que ao descobrirmos e ativarmos os caminhos e coisas que nos fazem felizes irremediavelmente teremos paz em nossa jornada, independente do dinheiro.

Afinal, ser feliz é uma escolha possível para todos.

Sobre os autores:

José Eduardo Pereira Filho atuou durante 25 anos no mercado financeiro com passagem por bancos e seguradoras. É educador financeiro pessoal e familiar e parceiro do Núcleo de Educação Financeira (NEF) em diversos projetos e programas.

Dany Rogers é Doutor em Finanças pela EAESP/FGV, professor do curso de Administração da FACES e coordenador do Núcleo de Educação Financeira (NEF) da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail para contato: nef@pontal.ufu.br.




Sobre o autor

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.