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Investidor Iniciante

O que a taxa de juros tem a ver com seus investimentos?

Por Fernando Caliman Pissó
15 julho 2019 - 11:56 | Atualizado em 21 agosto 2023 - 17:28
Pesquisa brasileira do setor de serviços, inflação anual alemã e inflação dos Estados Unidos

No artigo anterior eu expliquei do porquê taxa zero não existir, nem mesmo na renda fixa. Continuando o bate-papo sobre Renda Fixa e aproveitando esse momento de expectativa de queda na taxa de juros, resolvi trazer aqui uma explicação bem simples de como seus investimentos podem ser impactados nesses efeitos da economia, principalmente para os “viciados” em Renda Fixa. 

Fique ligado! Você provavelmente já ouviu alguma notícia do tipo: “Mercado prevê nova queda na taxa de juros para o fim deste ano”. Essa foi uma chamada do início deste mês de julho e, notícias como essa, devem servir de alerta aos investidores ultraconservadores que investem apenas em Renda Fixa. Mas, por quê?

Primeiramente, é preciso entender que o nome “Renda Fixa” não quer dizer ganho garantido, mas sim que há maior potencial de se prever qual será a rentabilidade. Nessa modalidade, você empresta seu dinheiro com a “promessa” de que quem o tomou emprestado o devolverá acrescido de alguma taxa.

Exemplo: 

Você chega no aplicativo do banco e encontra CDB por 100% do CDI.

O CDI é a taxa de referência em Renda Fixa no Brasil em que o valor é muito próximo da taxa de juros Selic. Investir no CDB do banco significa que você vai emprestar dinheiro para ele e ele o devolverá com rentabilidade de 100% da referência em Renda Fixa no Brasil. 

Na Renda Variável, a rentabilidade é considerada variável porque não há nenhuma promessa de ganho, pois a mesma está exposta aos movimentos de oferta e demanda do mercado. Para explicar e prever esses movimentos é que existem os analistas.

Existe uma relação muito íntima da rentabilidade dos seus investimentos com a taxa de juros e eu explico de uma forma muito simples. Primeiramente, guardem essa informação: A taxa básica de juros, a Selic, é conhecida também como o “custo primário do dinheiro” no Brasil. Existem, basicamente, duas formas de fazer política monetária:

RESTRITIVA

Provoca redução da liquidez (menos dinheiro circulando na economia), sendo a taxa básica de juros, a Selic, o “custo primário do dinheiro”. Assim, com menos dinheiro circulando, o custo fica mais alto. Em consequência, a TAXA DE JUROS SOBE. Taxa de juros altas fazem com que:

  • Redução dos investimentos por parte dos agentes econômicos.
  • Redução do consumo das famílias porque acesso ao crédito fica caro.
  • Redução da confiança do consumidor em relação ao futuro, pois uma economia contraída deixa a população com “medo”.

EXPANSIONISTA

Aumento da liquidez (mais dinheiro circulando na economia),  sendo a taxa básica de juros, a Selic, o “custo primário do dinheiro”. Com mais dinheiro circulando, o custo fica mais baixo, logo, a TAXA DE JUROS CAI.  Taxa de juros baixas fazem com que:

  • Maior investimento por parte dos agentes econômicos 
  • Maior facilidade para compras a prazo, aumento das linhas de credito
  • Aumento da confiança do consumidor em relação ao futuro 

Todas as segundas-feiras, o banco Central divulga um documento chamado Boletim Focus onde apresenta não apenas a taxa de juros atual, como também a expectativa para as taxas de juros futuras.

Mas e os investimentos? Qual o impacto da taxa de juros neles?

Grande parte dos investidores iniciantes que atendo começam mais conservadores, sentem medo de investir e chegam com um “vício” de querer alocar nos mesmos ativos oferecidos pelo banco com taxas melhores ou mesmo no Tesouro.

Por exemplo: O banco oferecia ao investidor uma LCI com 1 ano de vencimento e rentabilidade de 85% do CDI. Comigo eles conseguem uma rentabilidade de 94, 96 ou até 98% do CDI em uma LCI. Uma queda na taxa de juros deixa alguns investimentos da renda fixa menos interessantes, em termos nominais (porque não estamos considerando a Inflação), para se investir. 

Isso porque o “custo do dinheiro” é mais baixo, logo, vale mais pena investi-los em iniciativas que se beneficiam das taxas de juros mais baixas, certo? Sendo assim, considerando-se uma queda na taxa de juros um momento de expansão da economia, o investidor pode não apenas “surfar essa onda” como também contribuir para essa expansão.

Isso pode ser feito através de investimentos em iniciativas de crédito privado que são emitidos por empresas a fim de financiarem seus projetos. Esses projetos podem inclusive trazer um bem para o público em geral e assim contarem com isenção do imposto de renda para pessoas físicas (debêntures incentivadas, CRI, CRA).

Quer dizer que não é preciso investir em ações para investir em empresas e surfar a onda da queda na taxa de juros?

SIM! E é por isso que existem os assessores de investimento! Para ajudar você, investidor, a identificar esses momentos do mercado e otimizar a sua rentabilidade sem desrespeitar o seu perfil de risco.

Mas claro, depois que o investidor adquire gosto pelo mundo dos investimentos, percebe que a renda variável também não é nenhum bicho de 7 cabeças, mas isso vai ficar para outro artigo…




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