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Investir em IPOs vale a pena?

Por Fernando Caliman Pissó
29 junho 2020 - 12:10 | Atualizado em 07 agosto 2023 - 18:51
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Quando uma empresa faz um IPO, causa certo frisson no mercado. Para a companhia, certamente esse é um grande momento. Isso porque ter sucesso nesse movimento é crucial. Um IPO bem-sucedido significa mais dinheiro entrando no caixa e um grande benefício para a imagem da empresa.

Por isso, os especialistas dos bancos de investimento contratados pela companhia fazem apresentações para potenciais investidores mostrando os números da corporação para tentar convencê-los de que participar da oferta é um bom negócio. Mas fica a pergunta: vale a pena investir em IPO?

Para obter essa resposta, o investidor precisa, primeiro, estar ciente dos riscos do mercado de ações e daqueles específicos dos IPOs. Neste artigo, vamos explicar melhor o que é IPO e quais são os riscos e as vantagens que pode oferecer. Continue a leitura!

O que é IPO?

Vamos começar do começo. IPO é a sigla em inglês para Initial Public Offering ou, em português, oferta pública inicial. É o processo pelo qual uma empresa de capital fechado lança suas ações na Bolsa de Valores, passando a ser uma companhia de capital aberto.

O IPO pode ser de dois tipos:

  • oferta pública primária: ocorre quando a empresa está vendendo ações novas, que não existiam, ou seja, está aumentando o seu capital. Nesse caso, o dinheiro arrecadado na oferta vai para o caixa da empresa, que vai usá-lo para investir no próprio negócio;
  • oferta pública secundária: ocorre quando um ou mais sócios vendem a sua participação na empresa, total ou parcialmente. Aqui, o dinheiro não vai para a empresa, mas para o sócio.

Também é bastante comum que as duas coisas ocorram simultaneamente, ou seja, que você veja uma oferta pública primária e secundária.

Outra informação importante é que o IPO, como o nome indica, refere-se apenas à primeira oferta pública que a empresa faz, ou seja, quando ela passa de capital fechado para aberto. Ela pode fazer outras ofertas posteriormente, mas, nesse caso, são apenas ofertas públicas, também conhecidas como follow-ons.

Como funciona um IPO?

Antes do IPO, todas as ações da empresa são de propriedade de um sócio ou de um pequeno grupo de sócios. Quando ela abre o capital, as ações passam a ser negociadas na Bolsa e qualquer investidor que queira pode comprar esses papéis e, depois, vendê-los da mesma forma, se assim desejar.

Esse é um grande passo para a empresa, porque as companhias de capital aberto têm que prestar muito mais informações ao mercado sobre o seu desempenho financeiro. Isso influencia o preço da ação, o que quer dizer que, se os investidores acham que os números e as perspectivas para a empresa são positivos, as ações se valorizam, e o contrário também é verdade.

Bom, vamos voltar um pouco e ver como funciona esse processo. Quando a empresa decide fazer seu IPO, ela contrata um ou mais bancos de investimento que vão ser os coordenadores da oferta. São eles que vão cuidar de toda a burocracia, como registro da oferta na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e a preparação dos documentos necessários.

Entre esses documentos, destacamos o prospecto, que contém todas as informações sobre a empresa e sobre a oferta, além dos riscos que aquele investimento apresenta. Por isso, se você quer investir em um IPO, é sempre recomendado ler o prospecto. Normalmente, é um documento bem extenso, mas lembre-se de que é o seu dinheiro que está em jogo.

A partir daí, define-se um período no qual os investidores podem reservar as ações da empresa. Os investidores interessados precisam ser clientes de uma corretora de valores que esteja participando da oferta e podem fazer a reserva por ela. Nesse momento, é preciso informar quantas ações você gostaria de comprar e o preço máximo que estaria disposto a pagar por elas.

Finalizado o período de reserva, os coordenadores da oferta fazem o chamado bookbuilding. Eles veem todas as reservas que foram feitas e, a partir disso, decidem quantas ações cada investidor vai receber e qual será o preço inicial da ação, ou seja, o preço no qual ela será lançada no mercado.

Se houve mais demanda do que ações disponíveis, é feito um rateio, ou seja, a empresa define um teto máximo de ações para cada investidor e, por vezes, um percentual sobre o que excede aquele teto, de forma que todos sejam atendidos.

Afinal, vale a pena investir em IPO?

Como sempre acontece no mundo dos investimentos, a resposta para essa pergunta é: depende. O mercado de ações, por si só, é um mercado de risco. Quando você estuda e acompanha bons analistas, esse risco se reduz, mas ele nunca vai deixar de existir completamente.

O IPO tem um risco adicional, que é o fato de que, como a empresa está chegando agora à Bolsa de Valores, não existe um histórico para as suas ações. Ninguém sabe como elas se comportam em momentos de crise, como são os executivos no dia a dia, se eles estão ou não preocupados em garantir os direitos dos acionistas minoritários e como eles lidam com as questões de mercado.

Agora, embora haja menos informações sobre as empresas de capital fechado do que sobre as que já estão na Bolsa há algum tempo, isso não quer dizer que entrar no IPO seja um tiro completamente no escuro. Procure saber mais informações sobre a empresa, sobre o setor em que ela atua e como têm sido os resultados recentes dela.

Um bom parâmetro é acompanhar o interesse dos grandes investidores pela oferta. Os investidores institucionais e estrangeiros analisam profundamente a empresa antes de decidir se vão ou não participar da oferta. Se o interesse deles for alto, é um sinal positivo. Caso contrário, vale a pena entender os motivos.

Com o fim da oferta, as ações passam a ser negociadas na Bolsa. Nesse momento, pode acontecer de os papéis serem muitos procurados pelos investidores e de o seu preço subir rapidamente. Quando isso ocorre, é comum que alguns investidores que tenham comprado as ações na oferta aproveitem a alta para vender os papéis com lucro.

No jargão do mercado, isso se chama “flipar”, ou seja, vender rapidamente, tirando proveito dessa alta dos primeiros dias. No entanto, é importante ressaltar que não há nada que garanta que isso vá, de fato, acontecer. Da mesma forma, o preço das ações pode cair.

De qualquer maneira, investir em IPO vale a pena se você conseguir escolher uma empresa de qualidade, que vá seguir um caminho de crescimento. Existem inúmeros exemplos de companhias que entraram no mercado nos últimos anos e trilharam esse caminho, gerando bons lucros para os investidores.

Agora que você tem mais informações sobre o assunto, pode decidir se vale a pena investir em IPO. Lembre-se de que, no mundo dos investimentos, conhecimento é pré-requisito para o sucesso. Por isso, procure sempre o máximo de informações possível sobre a empresa antes de tomar qualquer decisão.

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