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Diferenças entre Banco Central e Federal Reserve

Por Fernando Caliman Pissó
10 agosto 2022 - 08:00 | Atualizado em 20 setembro 2023 - 10:47
Bancos centrais
Crédito: Leonardo Sá/Agência Senado

Todo país do mundo possui um banco central, que é o agente que coordena as políticas econômicas dos demais bancos. No Brasil, por exemplo, há o Banco Central do Brasil, conhecido como Bacen, enquanto nos Estados Unidos há o Federal Reserve, ou Fed.

As pessoas não podem abrir uma conta no Bacen nem uma conta americana no Fed, mas os dois bancos estão presentes no cotidiano. Afinal, são os bancos centrais que tem como intuito manter a estabilidade da economia e o valor das moedas, entre outras funções.

Mas de que forma o Fed e o Bacen atuam em seus respectivos países? E quais são as principais diferenças entre as duas instituições? Para entender as respostas, confira o texto abaixo e saiba como distinguir as funções de cada um.

O papel dos bancos centrais

Em primeiro lugar, há muitas semelhanças entre os bancos centrais no geral, dado o seu papel na economia de um país. A principal semelhança comum aos bancos centrais é manter a estabilidade de suas moedas.

Nesse sentido, os bancos centrais atuam para impedir que a moeda perca valor em relação a outras moedas globais. No caso do Bacen, a instituição tem como meta assegurar o valor do real em relação ao dólar, que é a moeda global de reserva.

Por outro lado, o Fed possui a mesma função, só que com o fato de que o dólar já é uma moeda de reserva. A função do Fed neste caso é manter o dólar estável em relação aos seus pares, como euro, iene e libra esterlina.

Outra função em comum aos bancos centrais é controlar a taxa de juros na economia, ajudando a estimular ou contrair a atividade econômica. O Bacen controla a taxa Selic, enquanto o Fed controla a Federal Funds Rate (FFR). Cada banco pode aumentar ou reduzir sua taxa de juros conforme critérios próprios.

Ao fazer isso, os bancos centrais procuram fomentar um desenvolvimento sustentável da economia. Por exemplo, no cenário atual de inflação elevada, os bancos centrais aumentam os juros e reduzem a atividade econômica. Logo, tentam reduzir a demanda por crédito, o que ajuda a reduzir a inflação.

Diferenças entre Fed e Bacen

Apesar das semelhanças, os bancos centrais também atuam de formas distintas entre si. No caso do Fed e do Bacen, existem muitas diferenças em termos de política monetária e até de funcionamento das instituições.

Nos EUA, o Fed conta com a participação de bancos privados em sua gestão. De fato, a própria criação do Fed partiu de um homem chamado John Pierpont Morgan, criador do famoso banco JP Morgan. No Brasil, o Bacen é uma autarquia estatal e, portanto, não possui nenhum tipo de controle privado.

Outra diferença é que o Bacen é uma instituição unitária, ou seja, há apenas um banco central em todo o Brasil. Mas o Fed opera de forma descentralizada, com várias filiais espalhadas pelo país. Há o Fed de Nova York – que é a principal filial e, na prática, O Fed – e mais 11 filiais do banco.

Uma terceira diferença está na forma como os dois bancos centrais definem as suas taxas de juros. O Bacen estipula uma taxa única para a Selic, que atualmente é de 13,25% ao ano. Já o Fed possui uma faixa na qual a taxa de juros pode variar, que hoje está entre 1,5% e 1,75% ao ano.

Autonomia

Mas a principal diferença entre as duas instituições está na independência. Tanto nos EUA quanto no Brasil, o presidente da república é quem indica o presidente do banco central.

No caso do Fed, a instituição possui total autonomia para conduzir sua política monetária. Não há nenhuma interferência do governo, e os mandatos do presidente do Fed são fixos.

Em contrapartida, a independência do Bacen foi aprovada apenas em 2021. Esta lei estabelece mandatos fixos de quatro anos ao presidente, os quais não coincidem com o mandato do presidente da república.

Ou seja, o presidente do Bacen não pode ser trocado pelo governo, garantindo mais independência ao seu trabalho.

Em suma, os bancos centrais atuam de forma similar nas economias do país. Mas no caso dos EUA, há uma estabilidade maior e menos interferência política. Esta estabilidade foi crucial para transformar os EUA na potência financeira que é hoje.




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