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Investidor Iniciante

4 erros clássicos: investidor amador não aprende nem na dor – Parte 2

Por Laura Pacheco
17 junho 2019 - 16:57 | Atualizado em 11 julho 2023 - 15:15
riscos para investidores

No último artigo, comecei a história de Carlos e sua jornada como investidor amador, na qual daremos continuidade agora. Mas antes, é imprescindível que você leia o primeiro artigo para entender direitinho o contexto do que vou trazer aqui hoje. Você pode se identificar!

No artigo passado, especifiquei os dois primeiros dos 4 erros clássicos cometidos pelo investidor amador:

  1. “Investir em ações porque renda fixa não rende nada”;
  2. “Renda fixa = Reserva de emergência = Tesouro Direto”;
  3. “Nunca investir em Fundos de Investimento porque tem taxa de administração e performance”;
  4. “Não pagar corretagem na compra e venda de ações porque algumas corretoras oferecem os mesmos ativos financeiros com corretagem ZERO”.

Agora vamos entender o porquê os outros dois são também considerados erros pelos especialistas em investimento.

ERRO 3: “Nunca investir em Fundos de Investimento porque tem taxa de administração e performance”:

Essa “avaliação” que Carlos faz com relação aos fundos de Investimento é um grande erro. Antes de mais nada é preciso entender que, para avaliar se um fundo de investimento vale a pena, é preciso verificar a rentabilidade entregue nos últimos meses.

Sabendo disso, Carlos deve saber que os valores de rentabilidade apresentados pela corretora já estão considerando as taxas, ou seja, aquele valor divulgado na plataforma é o valor que de fato os investidores auferiram.

Isso significa que o investidor “não sente” a cobrança das taxas, ele apenas investe e acompanha a rentabilidade do fundo. Obviamente Carlos achou ruim, parece que o fundo cobra taxas escondidas de seus olhos. Isso não é uma maldade? Pois saiba que é o que o banco faz com você todos os dias. Ou você acha que investir na poupança é de graça?

Além disso, no geral, fundos de investimento são geridos por gestores profissionais. Conforme contei no artigo anterior, Carlos é dentista e paga suas contas prestando um serviço a seus seus pacientes, sendo assim, ele deveria entender que se tem alguém gerindo seus recursos da melhor forma possível, isso também teria um preço.

O investidor brasileiro adquiriu o hábito de acreditar que é muito esperto para pagar taxas e que pode ganhar tudo sem pagar nada. A ideia de ter tudo de graça é uma ilusão. A estrutura das corretoras, dos bancos, da bolsa de valores e das gestoras de fundos de investimento é robusta, complexa, com inúmeras pessoas trabalhando. Atente-se: não existe aplicação financeira gratuita.

A diferença é que o fundo de investimento deixa claro as taxas envolvidas e, mesmo em aplicações conservadoras, o fundo entrega uma rentabilidade muito melhor que a do banco.

As taxas de administração são cobradas sobre o valor que foi aplicado pelo investidor e a de performance é cobrada apenas quando há rentabilidade positiva do fundo de investimento. A taxa de performance deve ser música para os ouvidos do investidor: no geral, é uma taxa bastante superior à taxa de administração e é cobrada apenas quando há rentabilidade positiva no fundo. É o ganha-ganha entre gestores e investidores.

Sendo assim, caro leitor, não se queixe se um bom fundo de investimento apresentar um período ruim – tenha certeza que o maior objetivo do gestor será virar o jogo.

ERRO 4: “Não pagar corretagem na compra e venda de ações porque algumas corretoras oferecem os mesmos ativos financeiros com corretagem ZERO”:

Tome muito cuidado com essas recomendações de corretagem ZERO. A maior parte dos influenciadores digitais do mercado financeiro que fazem propaganda das corretoras de corretagem ZERO não são clientes dessas corretoras. Na prática, eles pagam corretagem sim e contam com ajuda de assessores de investimento. Isso ninguém me contou: eu mesma tive a oportunidade de conhecer alguns desses influenciadores.

No consultório de Carlos, corriqueiramente surge um paciente que estava com uma leve dor de dente, não buscou um serviço especializado e tentou resolver a situação sozinho com as informações que encontrou na internet. Algum tempo depois a dor se agrava ao ponto de o paciente ligar para o consultório de Carlos desesperadamente, solicitando encaixe na agenda por motivos de urgência.

Ao chegar no consultório, a situação no dente do paciente se agravou tanto que o tratamento se tornou muito mais custoso do que se o paciente tivesse buscado ajuda de um especialista no início do incômodo.

O brasileiro cultiva o hábito de apenas reconhecer o valor de um serviço quando sente dor (mesmo que no bolso) e acaba pagando muito caro por esse erro.

Quando o investidor compra ações através de uma corretora de valores, a corretagem não é destinada à compra das ações mas sim ao pagamento dos serviços da corretora de valores. Sendo assim, quando pagar corretagem busque o melhor serviço, busque assessoria para ter suporte e cobre informações de qualidade referente ao mercado e aos produtos.

Entenda que corretagem ZERO significa serviço ZERO. Parece ótimo quando anda tudo bem, mas quando surge um problema, o prejuízo ganho e o tempo perdido podem ser dobrados. Além disso, o investidor deixa de ganhar por querer fazer tudo sozinho.

Um exemplo prático que vivemos frequentemente no escritório é de encontrar investidores que aplicam todas as reservas conservadoras no Tesouro e o restante em ações. Enquanto isso, nossa carteira de clientes está tendo um desempenho quase dobrado em suas aplicações conservadoras.  Pessoas bem orientadas atingem melhores resultados (e mais rápido!)

Os assessores têm acesso às informações detalhadas de cada produto e sua principal função é prestar atendimento. Sendo assim, quando um assessor não entrega um serviço de qualidade, o cliente pode trocar de assessor em um clique.

Moral da história…

Todo esse entendimento equivocado que Carlos adquiriu mostra o quão desinformado e pouco educado financeiramente é o investidor brasileiro. A falta de conhecimento o torna refém do gerente do banco o qual não o entrega um serviço especializado de como investir melhor o dinheiro de Carlos.

A assessoria de investimento é um serviço oferecido pela corretora e é ela quem remunera os assessores. Por isso que investir com ou sem assessor é a mesma coisa… O investidor não paga nada a mais pelo serviço. Além disso, um cliente insatisfeito pode buscar outro assessor e trocá-lo rapidamente. Tente trocar seu gerente de conta no banco para ver o que acontece…

Vou ficando por aqui! Espero que a história de Carlos sirva de exemplo para muitos investidores.




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