
Após o fim da interferência do governo nos bancos públicos, a fim de forçar a queda do custo de crédito no país, as taxas do cheque especial tem chegado aos percentuais mais altos desde a implantação do Plano Real, mostra o jornal Valor Econômico desta segunda feira (19).
Segundo levantamento do veículo, em junho, a taxa média ficou em 322,23% ao ano, mesmo com o juro básico (Selic) em mínima histórica (6%).
Há diversas explicações para o fenômeno, mas alguns analistas afirmam que o movimento teve inicio quando o mercado decidiu migrar para este patamar no momento em que a Caixa e o Banco do Brasil começaram a subir suas taxas.
Para se ter uma noção da alavancagem nas taxas destas instituições, em 2013 quando a então presidente, Dilma Rousseff, determinou a redução de juros nos bancos federais, o patamar mínimo foi de 60,8% ao ano na Caixa e 80,4% ao ano no BB. Atualmente os juros são de 298,9% ao ano e 298,5% ao ano, respectivamente.
Como motivos que sustentam estas altas estão a recessão e fraca recuperação econômica, uma vez que os bancos se mantem na defensiva. Logo, restringem o crédito e cobram juros mais altos, principalmente em linhas mais arriscadas.
Um analista disse ao jornal que a perda de importância relativa do cheque especial na carteira de crédito dos bancos, também pode ter influenciado as taxas. ‘’De 2001 para cá, a fatia do cheque especial no saldo do crédito caiu de 7,5% para perto de 1%’’, explicou o Valor.
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) cita como fator de peso para a alta dos juros do cheque especial aumento do IOF, que subiu de 1,5% para 3% (mas depois voltou ao patamar anterior).
“Estimativas indicam que o governo arrecada mais de R$ 1 bilhão com o IOF a cada ano apenas nessa modalidade e que esses encargos representam quase 8 pontos percentuais na taxa final do produto”, afirmou a Federação ao jornal.