
Mesmo antes do noticiário ser tomado pelas notícias da guerra na Ucrânia, a inflação já era um tópico de preocupação entre as casas de análise. Os números do quarto trimestre evidenciaram a pressão de custo nos mais diversos setores pelo aumento dos preços globais puxado pela alta das commodities e problemas de cadeias logísticas.
De acordo com Jennie Li, estrategista de ações da XP, para empresas como a WEG, fabricante de motores elétricos, ou a Klabin, fabricante de papelão, sofreram com os custos da matéria-prima.
A siderurgia, embora tenha tido ganhos históricos, mesmo assim não conseguiu fugir da elevação dos custos. A Usiminas, por exemplo, sentiu a forte valorização do carvão no período que atingiu preço recorde de US$ 218 a tonelada.
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Os varejistas também sentiram o impacto da alta dos preços. A renda dos consumidores, sobretudo os de baixa renda, diminuiu, o que afeta as vendas. “A Alpargatas teve resultados negativos, com a pressão vindo da borracha e do petróleo. Só que eles demoraram a repassar para o consumidor”, disse a estrategista.
“Já o varejo discricionário, como Arezzo e Vivara, deve ter mais facilidade de repasse para o seu consumidor de alta renda”, afirmou. Com efeito, quanto mais difícil for repassar os aumentos de custos aos consumidores, mais afetadas são as companhias.
Telecomunicações, construção civil e softwares
Segundo Carlos Eduardo Sequeiro, chefe da área de análise e pesquisa do BTG Pactual para América Latina, as empresas de telecomunicações são prejudicadas nesse sentido porque não conseguem repassar rapidamente os custos aos consumidores. Nesse sentido, a TIM poderia ter apresentado resultados melhores se não fosse por isso.
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As prévias da construção civil indicam prejuízos no setor. O segmento viu os custos de matéria-prima subirem e, além disso, foi impactado pela desaceleração econômica.
A exceção fica, contudo, com as companhias de softwares, que dispõe de contratos que são reajustados automaticamente com base na inflação. Um exemplo é a Totvs que não teve impacto relevante no desempenho.
Para os três meses iniciais deste ano, a tendência de maiores prejuízos às empresas que atendem os setores de mais baixa renda.
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