
O Ibovespa operava em queda nesta sexta-feira (29), acompanhando o clima de cautela no exterior, que ainda repercutia o acirramento das tensões entre Estados Unidos e China.
Na véspera, o presidente Donald Trump assinou uma lei que apoiava a prevalência dos direitos humanos em Hong Kong, apoiando os manifestantes no exercício regular da democracia.
O fato representou uma afronta ao governo chinês, que ameaçou promover retaliação à medida, considerada uma interferência direta em seus assuntos internos.
Os investidores demonstravam uma postura de cautela, com maior aversão ao risco, uma vez que não há como prever qual será a resposta de Pequim à situação.
Por aqui, o mercado local segue atento às alterações que o governo vem promovendo na política de juros praticada pelos bancos no ato de concessão de crédito.
Depois de travar a 8% ao mês o teto máximo para cobrança dos juros no cheque especial, o ministro da Economia, Paulo Guedes, agora pretende modificar as operações com cartão de crédito.
Segundo o Estadão, o governo quer estabelecer a possibilidade de parcelar as compras no cartão de crédito sem a incidência de juros.
Para tanto, seria necessário restringir o parcelamento neste tipo de operação, pois, na prática, essa modalidade acaba apresentando a forma de linha de crédito.
Embora o governo já tenha feito diversas mudanças na regulamentação dos serviços de cartão de crédito, o Banco Central ainda não está satisfeito com os juros cobrados neste produto, que chegaram a 317,22% ao ano, em outubro de 2018.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) criticou fortemente a medida imposta pelo governo, argumentando que o “tabelamento de preços” poderá prejudicar a oferta de crédito e ter um feito contrário ao desejado.
Na B3, Usiminas (USIM5), Via Varejo (VVAR3) e Fleury (FLRY3) lideravam os ganhos, e os ativos Tim (TIMP3), Qualicorp (QUAL3) e Petrobras (PETR4) lideravam as perdas.
Ás 12h28 (horário de Brasília), a Bolsa brasileira recuava 0,28%, aos 107.989 pontos, fazendo uma sessão de liquidez reduzida devido ao feriado do Dia de Ação de Graças nos EUA.
Dólar sobe a R$4,23 refletindo exterior volátil
O dólar comercial operava com viés de alta nesta sexta-feira (29), apesar da forte oscilação mostrada desde a abertura.
A divisa americana apresentava movimentos contidos, em meio a uma sessão de liquidez fraca e pressão dos investidores vendidos em contratos cambiais.
As quatro intervenções que o Banco Central realizou no mercado cambial nos últimos dias, conseguiram conter a desvalorização do real, mas não apagaram completamente os ganhos semanais do dólar.
No exterior, o dia é de fortalecimento da moeda dos EUA contra as demais divisas emergentes, em atenção ao sentimento de cautela que prevalecia nas operações.
Ruídos no acordo comercial sino-americano, bem como, a possibilidade de o governo chinês promover retaliações à Washington, conformam um cenário de maior aversão ao risco.
Ontem, o presidente Donald Trump promulgou uma lei que apoia as manifestações em Hong Kong contra o governo local, causando forte ira em Pequim.
Além disso, há grandes chances de os dois países não conseguirem assinar a primeira fase do acordo antes de 15 dezembro, que é a data prevista para vigorar nova rodada de tarifas sobre produtos chineses.
Ás 12h28 (horário de Brasília), o dólar comercial subia 0,45% contra o real, sendo cotado a R$4,2350 na venda.
Na renda fixa, os contratos de juros futuros registravam um comportamento misto, com as taxas de curto prazo recuando e as taxas intermediárias avançando.
O DI março/2020 declinava 0,88%, sendo negociado a 4,50% (4,52% no ajuste anterior) e o DI abril/2022 saltava 0,91% sendo vendido a 5,55% (5,52% no ajuste anterior).
Noticiário Corporativo: Fleury anuncia aquisição da Inlab por R$90 milhões
Em fato relevante, a Fleury (FLRY3) anunciou a compra do Inlab – Investigação Laboratorial, que mantém atuação na região metropolitana de São Luiz, no Maranhão.
O laboratório adquirido conta com 21 unidades de atendimento e uma área técnica especializada, além de ter registrado receita bruta de R$39,9 milhões nos últimos doze meses.
Entre outubro e novembro, a Fleury realizou três aquisições relevantes no Nordeste, desembolsando, só no processo de compra da Inlab, o montante de R$90 milhões.
Com a compra do Diagmax, localizado no Recife, o gasto foi de R$112 milhões e com a aquisição do Centro de Patologia Clínica (CPC), de Natal, o custo foi de R$12 milhões.
Ao todo, os investimentos somaram R$214 milhões e, segundo o presidente da Fleury, Carlos Marinelli, ainda há outros dez ativos mapeados em análise para aquisição.
“São avaliadas oportunidades onde a empresa atua e não atua” – explicou o executivo.
Diante do enfraquecimento da economia brasileira, o desafio dos prestadores de serviços na área de saúde tem sido conseguir o credenciamento com operadoras de convênios médicos.
Por isso, até a metade deste ano, 60% a 70% dos laboratórios da marca a+ do Grupo Fleury, foram credenciados pelas operadoras. Com a bandeira própria, o credenciamento foi de 100% das novas unidades.
A aquisição do Inlab permitiu a entrada da companhia no mercado de saúde do Maranhão e o pagamento da transação será feito à vista.
Na semana passada, o conselho de administração do Grupo aprovou a emissão de debêntures no valor de R$500 milhões, para reforço de capital de giro e alongamento do prazo para quitação das dívidas.
No acumulado de janeiro a setembro de 2019, a receita líquida da Fleury totalizou R$2,2 bilhões, representando alta de 8,7% em comparação ao mesmo período do ano passado.