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Investidor Iniciante

3 enganos sobre viver de rendimentos

Por Marco Túlio Barbosa Pires
21 novembro 2019 - 17:48 | Atualizado em 11 julho 2023 - 15:34
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Já pensou no que você faria se dinheiro não fosse mais um “problema” a ser resolvido em sua vida? Se você pudesse simplesmente deixar de trabalhar e viver apenas dos seus rendimentos financeiros? Parece um sonho, não é?

Esse sonho é chamado de Independência Financeira, porém alguns chamam de aposentadoria ou liberdade financeira.

Antes de mais nada saiba que todo discurso que vende a ideia de ganhar dinheiro “fazendo nada” deve ser visto com um olhar bem crítico, é óbvio que nada é tão fácil quanto parece. Aliás, mesmo quando se atinge a tão sonhada independência não se deve cruzar os braços, pois seu trabalho passa a ser cuidar do seu próprio Patrimônio e manter o padrão de vida.

Foi pensando nisso que preparei esse artigo com os 3 enganos mais comuns que vejo por parte daqueles que almejam viver apenas dos rendimentos de seus investimentos:

Primeiro engano: Achar que o dinheiro está no fruto dos investimentos e não no fruto do trabalho

Já parou para pensar em qual seria o primeiríssimo passo de um investidor de sucesso? Pois saiba que o primeiro passo é ganhar dinheiro. Simples assim!

Não faça empréstimos para investir (por incrível que pareça é algo bastante comum), busque ganhar dinheiro através do fruto do seu trabalho! Além disso, você sabia que a jornada do investidor tem um ciclo de vida que não necessariamente respeita o ciclo de vida humano do investidor?

Pois é! Todo investidor deveria saber que para ter sucesso no mundo das finanças ele precisará respeitar as fases desse processo: Construção de patrimônio, Preservação do Patrimônio e Sucessão Patrimonial.

Para esse artigo vamos dar atenção apenas às duas primeiras fases. Na construção de patrimônio é necessário buscar ter ganhos financeiros através de alguma atividade produtiva. Essa fase normalmente ocorre durante toda idade produtiva dos indivíduos, mas claro que podem haver exceções como é o caso daqueles que enriqueceram muito jovens ou herdaram grandes fortunas (nesse caso, o investidor usufrui de um patrimônio o qual não foi construído por ele). 

Sabe-se que ninguém está imune de imprevistos e que os ciclos econômicos acontecem independente de nossa vontade, isso significa que no mundo real a estabilidade e garantias não existem. Sendo assim, parte dos ganhos auferidos no período de atividade produtiva deveriam ser investidos de forma diversificada.

Um fenômeno maravilhoso que o investidor inteligente vive é de que, conforme o patrimônio (acúmulo de dinheiro) vai crescendo, o investidor se torna capaz de diversificar e de sofisticar cada vez mais seus investimentos.

Nessa primeira fase, pelo fato de o investidor ainda estar em construção do patrimônio ele se torna com maior capacidade de entrar em operação mais arriscadas e dar uma “apimentada” nos seus investimentos.

Segundo engano: Idéia equivocada de “Renda Passiva” por não conhecer as formas de rendimentos que o mercado oferece

Cada tipo de investimento oferece uma forma de rentabilidade diferente e muitos não conhecem ou fazem confusão, por isso preparei um resumão do como os principais tipos de investimento entregam rentabilidade:

  1. Renda Fixa e Tesouro: É uma dívida que uma determinada instituição faz com o investidor. Seus rendimentos serão os juros “prometidos” pela instituição que podem ser um valor fixado (prefixado) ou um valor atrelado a algum índice como o CDI (pós-fixado).
  2. Fundos de Investimento: Quando você investe, você está comprando cotas desse fundo e conforme o desempenho do mesmo essas cotas podem valorizar ou não. Seus rendimentos serão a diferença entre o preço que você comprou (valor investido) com o preço que você vender essas cotas (valor resgatado).
  3. Ações: É como comprar um papel que o torna sócio de uma determinada empresa. Por ser negociado em bolsa, o preço da ação varia de acordo com a oferta e demanda da mesma. Os rendimentos vão ser auferidos no caso de o investidor vender a ação por um valor superior ao que ele comprou ou no recebimento de dividendos (participação nos lucros).
  4. Fundos Imobiliários: Respeita a lógica das ações, mas a frequência do pagamento dos dividendos é maior e em geral (não sempre) os mesmo estão atrelados à recebimento de aluguéis.

Terceiro Engano: Se expor a demasiado risco com a intenção de viver dos rendimentos

Quando de fato se alcança a Independência Financeira, precisa-se ter mais cautela com os investimentos. Pois, se a partir desse momento não mais se realizará uma atividade produtiva que o remunere, deve-se ter uma preocupação maior em manter o patrimônio do que buscar rentabilidades astronômicas.

Isso significa sim que o investidor que já atingiu sua independência financeira deve ter um comportamento mais conservador diante de seus investimentos. As aplicações mais arriscadas entregam uma rentabilidade mais atrativa, mas se você considerar a rentabilidade dessas aplicações como sua “renda para viver” pode estar entrando em uma enrascada e correndo um altíssimo risco de precisar voltar para o mercado de trabalho e buscar novamente atividades produtivas para se manter (o que seria o fim de sua Independência Financeira).

Nota: Em realidade, se o indivíduo depende das altas rentabilidades de investimentos mais arriscados para se manter, ele já não pode se considerar independente financeiramente. 

Tem o sonho de fazer operações de Day Trade (compra e venda diária de títulos com o intuito de ter “lucros diários”)? Essa modalidade têm se tornado moda e dado grande destaque a “traders” profissionais na internet. Depender desse tipo de operação para viver não é considerado um estado de independência financeira.

O “trader” profissional e responsável sabe que da importância de se ter reservas que “garantam” sua sobrevivência em meses de prejuízo. Tome muito cuidado com aqueles que defendem uma ideia contrária disso, muito provavelmente eles estão tentando te convencer a comprar seus cursos e treinamentos (nada baratos!).

Dessa forma, é importantíssimo ter-se realizado um acúmulo de capital anteriormente e dedicar apenas parte das reservas a esse tipo de operação. Ou ter-se ainda uma fonte de renda, como é caso desses operadores famosos que vendem cursos sobre seus métodos.

Lembre-se que como nessa modalidade vão haver meses de prejuízos, você precisará de reservas não apenas para as despesas fixas do mês, como também para não perder sua tranquilidade. (Tenha clareza de que no Day Trade o equilíbrio psicológico faz toda diferença). Além disso, deixe o orgulho de lado e busque plataformas profissionais, orientação e suporte (assessoria).

Enfim, nem tudo é tão fácil quanto parece, mas a Independência Financeira é um sonho possível! Para finalizar esse artigo deixo aqui um breve conselho: Não perca o ânimo de aprender a investir e “viver de renda”, mas reconheça o valor do trabalho e o tenha como uma forma de entregar valor a sociedade em troca de uma remuneração. Esse com certeza é o ponto de partida da liberdade financeira.




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