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Ações do setor elétrico: descubra se é um bom segmento para investir

Por Fernando Caliman Pissó
15 maio 2020 - 16:40 | Atualizado em 07 agosto 2023 - 18:51
As ações do setor elétrico são consideradas algumas das melhores para se investir atualmente

As ações do setor elétrico são consideradas algumas das melhores para se investir atualmente. Com cerca de 49 companhias listadas na Bolsa de Valores (B3), esse setor teve uma retomada de crescimento nos últimos anos, voltando a gerar lucros e ampliando os retornos sobre o patrimônio.

De acordo com a Agência Brasil EBC, o governo projetou um aumento na geração de energia em 35% e na transmissão em 39% até 2029. Isso significa que o setor se expandirá ainda mais nos próximos anos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) também tem uma visão positiva sobre esse mercado: ela tomará medidas para mantê-lo estável e assegurar o retorno sobre os investimentos realizados.

Diante dessas notícias positivas, é interessante que players ou traders (investidores da Bolsa) conheçam melhor as características do setor elétrico e as vantagens de investir nele. Confira a leitura para se aprofundar nesse mercado e entender como ele pode ser lucrativo!

Quais são as principais características do setor elétrico?

Antes de incluir ações do setor na sua carteira de investimentos, é relevante saber como ele funciona e quais são as suas características. Veja abaixo!

Índice próprio

O Índice de Energia Elétrica (IEE) é um indicador do desempenho médio dos ativos com maior representatividade do setor de energia elétrica no Brasil. Em outras palavras, trata-se de uma carteira teórica que aglomera várias ações desse mercado.

Assim como outros índices da BM&FBOVESPA, ele segue o Manual de Definições e Procedimentos de Índices, sendo composto pelas ações de organizações que estão listadas na Bolsa e que não estejam:

  • em processo de recuperação (seja judicial, seja extrajudicial);
  • em regime especial de administração temporária;
  • com suas negociações suspensas;
  • listadas em outros procedimentos especiais no manual citado.

Divisão em segmentos

O setor elétrico é dividido em três segmentos, de modo que cada um deles é responsável por uma etapa no fornecimento de energia no país. Entenda-os abaixo.

Segmento de geração

Essa parte é responsável por gerar a energia elétrica, podendo ser a partir de diferentes fontes, como nuclear, combustão, eólica e outras. A fonte hidroelétrica é a que tem maior participação na matriz energética brasileira.

O segmento tem necessidade de grandes investimentos para iniciar as suas operações e alguns exemplos de organizações são a Geradora Tietê, a Norte Energia, a Itaipu Binacional e a Engie Brasil Energia.

Segmento de transmissão

O segmento movimenta a energia dos centros de geração (produtor) para os de distribuição (consumidor). Exemplos de empresas desse tipo são a Transmissão Paulista (CTEEP) e Transmissora Aliança de Energia Elétrica SA (TAESA).

As organizações são remuneradas pela disponibilidade do serviço de transmissão e não pelo volume transferido. Isso traz maior previsibilidade de receita, bem como minimiza os riscos de prejuízos e de oscilações no faturamento.

Segmento de distribuição

Por fim, essas empresas recebem energia do sistema de transmissão e distribuem para os consumidores finais. O risco desse segmento está na inadimplência dos consumidores. Algumas dessas empresas são a Cemig Distribuição, a Elektro Eletricidade, a Ampla Energia e a Enel Distribuição São Paulo.

Quais os principais desafios do setor elétrico?

Abaixo, confira os principais desafios do setor elétrico!

Oferta descentralizada

Cada vez mais, as fontes fósseis de energia estão se esgotando ou estão sendo um menor alvo de investimento não só das empresas de energia elétrica, mas também de várias outras. Dessa forma, fontes de energia renováveis já são parte do presente e do futuro da geração de energia elétrica e, portanto, um dos grandes desafios é em relação à descentralização da oferta de energia.

Isso porque, caso ocorra a geração de energia por meio de redes locais de pequena distribuição e de microgeradores, o mercado ficará mais descentralizado e as empresas podem perder uma “fatia” significativa de seus clientes.

Transformação digital

A transformação digital vai afetar todos os setores, não só o energético, porém, para ele, existem alguns desafios específicos, como no caso das distribuidoras, que vão necessitar de uma rede de distribuição de energia mais eficiente e inteligente, tendo um sistema que permita ser mais versátil e que suporte maiores variações na rede de energia.

Além disso, as distribuidoras podem pensar em outros modelos de receita para conseguir escalar seu negócio, e algumas das possibilidades são:

  • projeto/implantação/financiamento de geração solar para o cliente, além da energia da rede;
  • serviços de aluguel de carro elétrico para o cliente, além da energia da rede;
  • estímulos de mudança no hábito de consumo de energia do cliente com bônus de crédito de carbono;
  • ofertas de pagamento de conta de energia via bitcoin, gerando pontos em programa de fidelização;
  • ofertas de membranas elétricas de decoração para os clientes, além da energia da rede.

Além desses, existem diversos outros que podem ser possibilidades de se integrar ao modelo de negócios de distribuição de energia que é vigente.

Formação de preços

O desafio relacionado à formação de preços do setor elétrico ocorre, principalmente, devido à volatilidade do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), pois, no curto prazo, ele é formado por modelos computacionais que podem ter a sua eficiência melhorada.

Em prazos mais longos, ele costuma não ser um valor muito próximo quando estima os custos de produção da energia elétrica ou o preço dos contratos que têm uma durabilidade mais longa. Dessa forma, pela sua ineficiência, muitos não o utilizam como parâmetro para a realização de investimentos ou, até mesmo, como parâmetro para a tomada de decisões no curto prazo.

Gestão dos contratos de concessão

Realizar a gestão dos contratos de concessão é um dos grandes desafios para as empresas do setor elétrico que atuam com a transmissão de energia, pois, apesar de serem excelentes contratos, que são garantidos por, geralmente, um longo prazo, eles podem encerrar e o governo pode escolher por mudar o fornecedor. Além disso, existem alguns ajustes tarifários e questões legais que são passíveis de alteração durante a vigência do documento e que podem impactar o lucro das empresas.

Por fim, já vivemos períodos de alta inflação no Brasil e, caso eles retornem, isso também pode vir a impactar os contratos firmados, de acordo com o índice e com a porcentagem em que foi definida a remuneração.

Quais são as vantagens de investir em ações do setor elétrico?

O setor tem algumas vantagens em relação a outros mercados. Veja quais são elas a seguir.

Inovação

Existem diferentes incentivos para a inovação no setor, como a Política de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e a Eficiência Energética (PEE), ambos fornecidos pela ANEEL com o objetivo de produzir novas tecnologias nas áreas de:

  • geração termelétrica (queima de combustíveis);
  • geração de energia elétrica a partir de fontes alternativas;
  • preservação do meio ambiente;
  • melhoria na qualidade e na confiabilidade dos serviços de energia; entre outras.

Conforme são desenvolvidas inovações na área, o risco de investimento diminui, os lucros das organizações aumentam e, consequentemente, as suas ações são valorizadas.

Resistência à crise e poucas oscilações

O setor elétrico é considerado um dos mais seguros para se investir, pois apresenta resultados positivos mesmo em períodos de escassez de chuvas e em crises econômicas generalizadas.

Por exemplo, no ano de 2015, o Brasil passou por uma crise econômica nacional, mas o setor não vivenciou impactantes desvalorizações. Isso pode ser observado no gráfico de volatilidade anual do IEE disponibilizado pelo próprio portal do B3, que demonstra poucas oscilações na última década (desde 2009).

Para fazer uma análise mais aprofundada, use uma plataforma de negociação que disponibilize o histórico do índice, como a Fast Trade.

Desempenho positivo

Além de resistir às crises, o setor elétrico tem se valorizado cada vez mais nos últimos anos. Novamente, isso pode ser observado no gráfico de evolução do IEE. O indicador está se tornando cada vez mais valorizado e alcançou máximas históricas a partir de 2019. Lembre-se de que a perspectiva é de que o mercado se expanda e cresça ainda mais em 2020 e nos próximos anos.

Pagamento de bons dividendos

O setor é composto, majoritariamente, por empresas maduras e com muitos anos de mercado. Muitas das organizações pagam os dividendos sem interrupção há anos. Por essa razão, suas ações costumam atrair investidores de diferentes perfis.

Perspectiva de crescimento

O governo brasileiro está estudando a possibilidade da privatização da Eletrobras (ELET3/ELET6), que é a maior companhia do setor da América Latina e atua como uma holding. Ou seja, ela controla várias outras empresas de geração, transmissão e pesquisa, além de deter participação societária em outras organizações.

Com essa mudança, é possível esperar um aumento da competitividade do mercado, uma melhoria da prestação de serviços de forma generalizada e a valorização das ações, tanto da Eletrobras quanto de outras empresas.

Como os proventos, o valor das ações, o faturamento e outros aspectos podem alterar com o transcorrer do tempo, é recomendável utilizar uma plataforma de negociação que mantenha atualizações em tempo real e possibilite realizar uma análise completa dos ativos.

Investir em ações do setor elétrico, como você viu, pode ser uma opção bastante lucrativa. Porém, para acompanhar as mudanças desse mercado, será preciso ficar atento às notícias e, como dito, utilizar uma plataforma que disponibilize esse recurso e materiais imparciais para estudo.

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